Por Lucio Cavalho
Tradição no Vale do Paraíba, o salgado conhecido como bolinho caipira é motivo de orgulho, mas também de competição entre as cidades. Cada uma tem a sua receita e elege o seu como o melhor.
Em São José dos Campos não poderia ser diferente, a cidade tem o seu bastante peculiar, haja vista a origem da receita e a tradição de décadas.
Com o quitute Transformado em patrimônio imaterial, a matéria do Portal Meon sobre o bolinho traz até a receita para quem quiser se arriscar.
Qual será o melhor bolinho caipira de São José ?
Eu me arrisco a indicar dois da minha preferência; o segundo lugar vai para o da Casa de Cultura Zé Mira, botocudo* e bem temperadinho, e em primeiro lugar o da Cidinha, que é a minha companheira a mais de 40 anos, bicudinho*, é uma delícia!
Segundo a folclorista Ângela Savastano, quitute alimentava fiéis em vigília em frente à igreja matriz; no início o recheio era de carne.
Ninguém dispensa um bolinho caipira em época de festa junina. De massa crocante e recheio de carne moída quente e bem-temperado, o salgado não pode faltar nas quermesses do Vale do Paraíba e sul de Minas Gerais.
Apesar de tão popular na região, o bolinho caipira tem sua origem desconhecida por quem o saboreia. Poucos sabem que o salgado foi criado no Vale do Paraíba, e era servido durante a Semana Santa.
De acordo com o presidente da Fundação Nacional do Tropeirismo, Ocílio José Azevedo Ferraz, o bolinho caipira é um autêntico representante da culinária do Vale do Paraíba. “Trata-se de uma espécie de quibe, que utiliza a farinha de milho, cultivado no Brasil, no lugar do trigo”, disse.
A folclorista Angela Savastano, do Museu do Folclore de São José, é ainda mais precisa. Segundo ela, o bolinho caipira foi criado em São José e alimentava os devotos que passavam a noite em claro fazendo vigília na igreja matriz, entre a Sexta-Feira Santa e o Sábado de Aleluia. “À noite, todos comiam nas barraquinhas montadas atrás da igreja”, disse.
Conforme a folclorista apurou, o bolinho era feito com massa de farinha de milho umedecida com água temperada. “A massa envolvia um lambari cru, e deixava a cabeça e o rabo de fora”, afirmou. “O peixe era utilizado como recheio porque durante a vigília os devotos não comiam carne vermelha”, lembrou.
De acordo com Angela, com o tempo o peixe foi trocado pela carne moída – já que o rio Paraíba deixou de ser farto—, e a data da festa foi alterada para junho – uma vez que o número de devotos diminuiu. Com o tempo, outras variações foram criada para rechear o bolinho: carne moída, queijo, linguiça calabresa, frango desfiado e até mesmo cogumelos.
Um dos locais em que o bolinho caipira é encontrado todos os anos é no Asilo Santo Antônio, no centro de São José, durante a festa junina que termina hoje.
“Fazemos quilos da massa por noite”, disse a coordenadora da festa, Hermínia Lopes Ribeiro, 85 anos. “A receita é feita há 13 anos, nos 16 dias de festa”, afirmou”.
Partes deste texto foram tiradas do documento da Câmara Municipal de São José dos Campos
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