Em tempos de globalização generalizada e excessiva exposição a recursos eletrônicos, acreditamos ser de grande valia a realização de atividades extracurriculares que ofereçam a estudantes e educadores, e também a grupos diversificados, a oportunidade de vivenciar e reconhecer referências culturais que integram o universo caipira do Vale do Paraíba paulista.
O jeito de falar, comer, morar, trabalhar e brincar do homem rural se constitui em herança cultural que marca a identidade valeparaibana – esse é o foco do projeto Vivências Caipiras: cotidiano e trabalho, uma série de encontros que busca o uso qualificado desse rico acervo patrimonial. .
As vivências propõem a ruptura com estereótipos construídos a partir de visões pejorativas e o estabelecimento de diálogos entre passado e presente, rural e urbano, a partir de saberes e fazeres vinculados ao meio ambiente, às celebrações e às formas de expressão que refletem a pluralidade do repertório cultural caipira.
Esta publicação tem como objetivo registrar a experiência cultural e estimular agentes educadores – formais e não formais – a empreenderem iniciativas semelhantes, tendo as tecnologias populares, tradições transmitidas por gerações, como importantes referências no processo de construção da identidade joseense.
O título do projeto foi inspirado na publicação Vivências Caipiras – Pluralidade cultural e diferentes temporalidades na terra paulista, de Maria Alice Setúbal, publicado em 2005.
A primeira temporada do projeto Vivências Caipiras: cotidiano e trabalho aconteceu na Casa de Cultura Zé Mira, espaço dedicado à valorização das expressões e das memórias vinculadas Às culturas tradicionais e populares.
Espaços Expositivos
A Casa de Cultura Zé Mira está localizada na zona norte de São José dos Campos (próxima ao Parque da Cidade Roberto Burle Marx) e ocupa uma área de 2.677m2, sendo 462m2 de construção. O imóvel integra o complexo Tecelagem Paraíba e Fazenda Santana do Rio Abaixo, patrimônio reconhecido e preservado pelo Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (COMPHAC).
Trilhas Caipiras – Contação de Histórias
Itamara Moura
Joseense, escritora e mediadora de leitura. Graduada em História (UNIVAP) e pós-graduada em Ensino de Literatura (Instituto Claretiano). Atua em projetos de incentivo à leitura desde 1999. Publicou os livros: Lá em cima do piano tem um copo de veneno (2000); Contos e causos do Zé Mirinha (2014); O Gato (2015) e Salada de Alcachofras (2017). Em 2018, publicou a segunda edição de O Gato com versões em Braille e em Libras.
A partir da publicação Contos e Causos do Zé Mirinha, inspirada na vida de menino do mestre Zé Mira, a autora explora a diversidade linguística e o modo de viver do caipira, estimulando a imaginação e a criatividade na abordagem dos temas: profissões que deixaram de existir; construção de brinquedos; territorialidade; meio ambiente; culinária caipira; diversidade cultural e noção de igualdade social.
Trilhas Caipiras – Arte das Figureiras
O fazer artesanal com o barro no Vale do Paraíba paulista é herança indígena, com influências africanas e europeias, expressa na arte popular de fazer figuras de barro – prática transmitida por gerações em um processo de transferência de saberes pelos laços sanguíneos e de vizinhança. As artesãs figureiras contam que aprenderam a modelar na infância, quando o barro era a principal matéria-prima na construção do brinquedo.
Fátima Santos
Joseense. Viveu sua infância na área rural; cresceu vendo a mãe e seus irmãos criando figuras com o barro. De sua mãe, D. Lili Figureira, herdou não só a arte de modelar, mas também a paixão por ensinar; com formação acadêmica em Educação, atuou por trinta anos na Rede Municipal de Ensino, em São José dos Campos, desenvolvendo paralelamente trabalhos como arte-educadora em várias instituições culturais e educacionais.
Luciana Melo
Mineira de Belo Horizonte; mora em São José dos Campos desde 1984. Seu primeiro contato com o barro se deu quando, ainda criança, ia buscar água na mina e, com a argila retirada dos barrancos, criava vasos, panelas, casinhas, bichos e presépios. Mais tarde, já adulta, aperfeiçoou-se na modelagem e escultura em argila na Fundação Escola Guignard (BH). Atuou na Universidade Federal de Viçosa (UFV) como coordenadora e professora de História da Arte, Desenho, Pintura, Modelagem e Escultura em Argila, Cerâmica e Gravura.
“… posso afirmar que foi uma explosão de conhecimento e cultura. Meus alunos saíram encantados com tantos detalhes da cultura caipira.” (Profª Geissabel de Oliveira Simões – EMEF Profª Elisabete de Paula Honorato)
“Eu gostei muito da Casa porque nós mexemos na argila, porque comemos pipoca e tomamos suco de maracujá. Também gostei de ver os instrumentos de construção e de ouvir a estória do Zé Mirinha.” (Alícia Varlez Silva – 4º ano B – EMEF Profª Elizabete de Paula Honorato.
“… eu e meus colegas fomos à Casa de Cultura Caipira Zé Mira, um lugar acolhedor… Os momentos mais especiais da visita foram quando vimos os utensílios e objetos do caipira e também quando visitamos à casa do caipira, foi muito mágico, parecia que eu estava na roça…” (Júlia Khristina de Oliveira S.Souza – 6º ano B – EMEF Profª Ana Berling Macedo )
Instituto José Mira
Instituto EDP
Santo de Casa – Tecnologias Populares
Instituto Ecocultura
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